“A CPI das ONGs guarda há quase um ano relatórios ainda sem análise sobre a movimentação financeira de 19 entidades suspeitas de desvios de recursos por meio de convênios com o governo federal. Os dados enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) chegaram à secretaria da comissão no dia 4 de junho de 2008.
Mesmo com informações importantes nas mãos, senadores da base aliada e da oposição preferiram não aprofundar a investigação na comissão, que agoniza desde o ano passado com a falta de quorum. O sopro dado anteontem à CPI com a substituição do relator, Inácio Arruda (PCdoB-CE), pelo líder tucano, Arthur Virgílio (AM), não deve tirar a poeira desses relatórios.
Os oposicionistas querem mirar os convênios das entidades que receberam dinheiro da Petrobras, alvo da CPI que será relatada e presidida por senadores governistas. O novo relator da CPI reconheceu não saber da existência dos dados do Coaf e nem por que os senadores da oposição deixaram de analisar essas informações. “Tem documentos que ainda não foram analisados e agora serão examinados. Não tenho vocação para passar a mão na cabeça de corrupto”, disse Arthur Virgílio ao Congresso em Foco.
Com o pedido de informações ao Coaf, os oposicionistas da CPI das ONGs buscavam indícios que justificassem a aprovação da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de organizações não governamentais ligadas ao governo Lula. Em desvantagem numérica em relação à base aliada, ocupando apenas quatro das 11 cadeiras do colegiado, a oposição não conseguia aprovar as quebras de sigilos sem antes ter os dados do Coaf que pudessem revelar o uso indevido dos convênios.
A movimentação financeira envolve entidades ligadas à questão agrária e à saúde indígena. Também há dados sobre repasses para ONGs do programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, para convênios do Ministério de Ciência e Tecnologia e até mesmo para uma organização utilizada pela máfia das ambulâncias para fraudar o Ministério da Saúde. ”
* Do Congresso em Foco.
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