(Letra: Stélio Torquato;
Música: Tony Morais)
I
A luz da lua, graciosa e pálida,
Invade o templo de estilo gótico,
Iluminando os fervorosos crédulos,
Que cantam belos hinos evangélicos,
E, atentos, ouvem o sermão do clérigo.
Este ensina a buscar no íntimo,
O amor que alimenta o espírito,
Para alcançarem o parnaso célico.
REFRÃO:
Condene Deus, em timbre barítono,
Esse paradoxo proparoxítono.
II
Perto dali, em um beco fétido,
Crianças pobres, num ritmo frenético,
Buscam no lixo o alimento único,
Para manterem o seu corpinho tísico.
E, vendo aquele respeitável público
Saindo às trevas de uma noite
úmida,
As crianças sujas e esqueléticas
Correm depressa para o templo sólido.
REFRÃO:
Condene Deus, em timbre barítono,
Esse paradoxo proparoxítono.
III
E as mãozinhas, com seus gestos tímidos,
Suplicam, aflitas, o auxílio monetário,
Mas os fiéis, num mover harmônico,
Buscam afastar-se do cortejo famélico.
E, afinal, o rico numerário
Já foi todo convertido em dízimo,
Que vem a ser o proceder canônico
De ajudar a um deus paupérrimo.
REFRÃO:
Condene Deus, em timbre barítono,
Esse paradoxo proparoxítono.
IV
E os fiéis, num passo bem rápido,
Seguem depressa ao seu berço esplêndido.
E, antes do sono, com orações fanáticas,
Buscam a certeza de escaparem, incólumes,
Do vindouro terror apocalíptico.
Lá fora, a lua, como uma foice argêntea,
Ceifando nuvens de uma noite gélida.
E a vida segue sua rotina hipócrita.
Condene Deus, em timbre barítono,
Esse paradoxo proparoxítono.
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