Atividade consuetudinária (baseada nos costumes), o jogo-do-bicho sempre foi, no Nordeste, um ramo respeitado da contravenção. Uma poule do jogo-do-bicho tem mais valor e mil vezes mais credibilidade do que palavra de político brasileiro de qualquer região do País. Diante de uma poule, um cheque cruzado tem zero de crédito. Pois bem: o Banco Paratodos, que avalizava o jogo-do-bicho em Fortaleza e cidades de sua Região Metropolitana, foi fechado pela Polícia Federal, cumprindo o que manda a Lei. Os cearenses donos do Paratodos foram alijados desse mercado marginal que empregava 20 mil pessoas — quase todas cambistas, às quais dava assistência médica e outros benefícios sociais. No lugar dos banqueiros do Ceará, chegaram os da Paraíba — onde o jogo-do-bicho é também uma atividade muito acreditada e respeitada. Lá, como aqui, vale o que está escrito na poule. Neste momento, pelo menos três bancos paraibanos do jogo-do-bicho — o Boa Sorte, o XPTO e um sem identificação na ´poule´ — dividem o mercado fortalezense de apostadores. Um contumaz apostador mostrou a este blog a poule com suas apostas, preenchidas e emitidas por cambistas de cada um dos três bancos paraibanos. Perguntam os cambistas cearenses: se a Lei é para todos e se banqueiros da Paraíba podem tomar conta do jogo-do-bicho do Ceará, por que os do Ceará não podem?
Diário do Nordeste
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